Por Fernando Savaglia
Numa época de tantos fantásticos baixistas como foi os anos 70, Bernard Edwards talvez tenha sido o que mais influenciou (e continua a influenciar) músicos ao redor do mundo.
Dono de um estilo personalíssimo, Edwards absorveu muito - segundo ele mesmo - do jeito de tocar de James Jamerson. Pode-se dizer que ele adaptou toda a revolução criada por Jamerson, elevando-a a um grau de sofisticação e bom gosto inimagináveis até então na disco music. Isso talvez explique porque, mais de trinta anos depos, algumas de suas canções e produções junto a seu companheiro de banda, Nile Rodgers, continuem tocando nas rádios e pistas de dança do mundo inteiro, seja com o Chic ou ao lado de Diana Ross, Sister Sladge, Carly Simon, Debby Harry (vocalista do Blondie) e Power Station entre outros.
“Everybody Dance” faz parte do primeiro e auto-intitulado álbum da banda, lançado em 1977. Junto com “Dance, Dance, Dance, (Yowsah, Yowsah, Yowsah)”, esta música foi responsável por transformar o Chic na mais importante banda de toda a era disco. Posteriormente, os mega sucessos “Le Freak” e “Good Times” acabaram por consolidar ainda mais essa condição. O aspecto curioso deste LP é justamente a capa. Numa época em que centenas de bandas “sem rosto” eram produzidas indiscriminadamente para aproveitar o boom da disco music, a inclusão de duas modelos contratadas na capa dá a impressão que a Atlantic Records não apostava muito na longevidade da banda. Nem preciso dizer que erraram feio...
Segundo Rodgers, Edwards utilizava um recurso que ele mesmo apelidou de “chucking” para conseguir o fantástico efeito nos dois solos de baixo da música. A técnica consistia em unir o polegar e o indicador como se segurasse uma palheta imaginária, movimentando os dedos, de forma alternada e contínua. Na verdade, por ter sido uma técnica criada por Edwards, a execução se tornava muito natural para ele. Repito: para ele! É importante ressaltar este aspecto porque o que parece simples e natural para um músico não é para outros. O fundamental é você conseguir adaptar - ou melhor ainda, criar uma maneira de tocar esta música.
A música já abre com um solo/groove de baixo espetacular, com o baixista usando e abusando de semicolcheias nos dois primeiros compassos. A partir do compasso 9, que contém o acorde de Cm7, o baixo passa a fazer o groove principal do tema, que é o mesmo do refrão. Utilizando do deslocamento de acentuação sobre o acorde de Ab6, Edwards fazia a música “respirar” para, em seguida, com uma nota de preparação em Si bemol, voltar ao groove principal.
No compasso 33, ele optou por uma economia de notas em cima da seqüência harmônica de Cm7/Bb/Cm7/Fm7. Com muito bom gosto, Edwards fez a linha de baixo pulsar junto com o bumbo nos compassos 35 e 36, conseguindo assim um efeito irresistivelmente dançante.
O maravilhoso solo de baixo volta a se repetir a partir do compasso 97, só que com variações em relação àquele que abre a música, como é o caso dos compassos 105, 106, 109, 110 e 122. Repare que a harmonia volta a partir do compasso 113, com o improviso de baixo ainda acontecendo.
Procure sempre abafar as cordas com a mão perto do captador e evite cordas soltas, para facilitar a emissão de notas.
Ouça abaixo a música original e toque junto:
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